sábado, 6 de setembro de 2008

PROFISSÃO DE FÉ


Dentre as virtudes que devem ser inerentes ao professor, talvez a mais valiosa de todas seja a legitimidade. Ensinar aquilo em que não se acredita, o que não se vive, a postura que não se toma na prática, é enganar a si próprio e aos outros, e manchar o nome da profissão de educador.


Ensinar torna-se, portanto, sob este aspecto, uma profissão de fé. Não é suficiente apenas acreditar naquilo em que
se ensina, pois fé não se resume a crer, somente. A fé é um princípio que nos leva à ação. Sendo assim, ao empunhar a bandeira da educação como profissão, é necessário que se cumpra a exigência de comunicar e agir.



Ao ensinar conceitos e posturas, certamente nos deparamos, cedo ou tarde, com a incumbência de defender uma causa em que ainda não somos perfeitos. Este impasse é inevitável, ao longo da jornada do educador. O que não deve, porém,transformar-se numa barreira para o professor que, imperfeito, busca o aprimoramento de suas capacidades continuamente. Ao contrário, o professor que humildemente reconhece a necessidade de ampliar seus conhecimentos e rever suas atitudes, constrói uma ponte pela qual educando e educador podem se edificar juntos e construir conhecimentos significativos.

A postura que se espera, portanto, não é a inatingível perfeição, mas a consciência da imperfeição pessoal, o reconhecimento de si mesmo como incompleto e nunca detentor da verdade absoluta, posições defendidas incansavelmente por Paulo Freire em suas reflexões.

Um professor que não vive o que ensina causa marcas indeléveis naqueles a quem sua influência atinge. Nas crianças, que ainda não racionalizam o bastante, uma imensa contradição. Nos jovens, indiferença debochada que compromete o aprendizado. E nos adultos, indignação e descrédito.


Faria um grande bem à educação a existência de uma disciplina especialmente preparada para ensinar os mestres a admitir: "Não sei".

*Trocando em miúdos:
O feio não é ensinar aquilo que você não faz. Todo mundo tem que fazer isto um dia. O feio é ensinar aquilo que você não faz e ainda dizer que faz.

Su

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