segunda-feira, 22 de dezembro de 2008





Havia num bosque isolado uma bonita violeta satisfeita entre suas companheiras.Certa manhã, levantou a cabeça e viu uma rosa que se balançava acima dela, radiante e orgulhosa.
Gemeu a violeta, dizendo: “Pouca sorte tenho eu entre as flores! Humilde é meu destino!Vivo pegada a terra, e não posso levantar a face para o sol como fazem as rosas.”
A natureza ouviu, e disse à violeta: “Que te aconteceu, filhinha? As vãs ambições apoderaram-se de ti?”
- Suplico-te, ó Mãe poderosa, disse a violeta. Transforma-me em rosa, por um dia só que seja.
- Tu não sabes o que estás pedindo, retrucou a Natureza. Ignoras o que se esconde de infortúnios atrás das aparentes grandezas.
- Transforma-me numa rosa esbelta e alta, insistiu a Violeta, tudo o que me acontecer será a conseqüência dos meus próprios desejos e aspirações.
A Natureza estendeu sua mão mágica, e a Violeta tornou-se uma rosa suntuosa.
Na tarde daquele dia o céu escureceu-se, e os ventos e a chuva devastaram o bosque. As árvores e as rosas foram abatidas. Somente as humildes violetas escaparam ao massacre.
E uma delas olhando em volta de si gritou às suas companheiras: “Hei, vejam, o que a tempestade fez das grandes plantas que se levantavam com orgulho e impertinência.”
Disse outra: “Nós nos apegamos a terra, mas escapamos à fúria dos furacões.”
Disse a terceira: “Somos pequenas e humildes, mas as tempestades nada podem contra nós.”
Então a rainha das violetas viu a rosa que tinha sido violeta, estendida no chão como morta. E disse:
- Vejam e meditem, minhas filhas, sobre a sorte da violeta que as ambições iludiram. Que seu infortúnio lhes sirva de exemplo!
Ouvindo essas palavras, a rosa agonizante estremeceu e, apelando para todas as forças, disse com voz entrecortada:
“Ouvi, vós, ignorantes, satisfeitas, covardes. Ontem, eu era como vós, humilde e segura. Mas a satisfação que me protegia também me limitava. Podia continuar a viver como vós, pegada à terra, até que o inverno me envolvesse em sua neve e me levasse para o silêncio eterno sem que soubesse dos segredos e glorias da vida mais do que as inúmeras gerações de violetas, desde que houve violetas.Mas escutei no silencio da noite e ouvi o mundo superior dizer a este mundo: “O alvo da vida é atingir o que há além da vida.” Pedi então à Natureza – que nada mais é do que a exteriorização de nossos sonhos invisíveis – transformar-me em rosa. E a Natureza cedeu ao meu desejo.Vivi uma hora como rosa. Vivi uma hora como rainha. Vi o mundo pelos olhos de rosas. Ouvi a melodia do éter com o ouvido das rosas. Acariciei a luz com as pétalas das rosas. Pode alguma de vós vangloriar-se de tal honra?Morro agora, levando na alma o que nenhuma alma de violeta jamais experimentava. Morro, sabendo o que há atrás dos horizontes estreitos onde nascera. É esse o alvo da vida.”
[Gibran Khalil Gibran]

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008




...MEDO DE FICAR E NÃO VIVER....
MEDO DE SAIR E NÃO SOBREVIVER...
MEDO DE VER NOS OLHOS DE QUEM SE AMA
A DOR DA AUSÊNCIA E NÃO PODER CONTER


MEDO DE DECEPCIONAR EXPECTATIVAS DE ALGUÉM QUERIDO
A PRESSÃO NO PEITO DO "PODERIA TER SIDO" ...
MAS NÃO FOI....


NÃO FOI, E OS CACOS DO QUE SE PARTIU JAMAIS TERÃO O BRILHO ORIGINAL DO CRISTAL PRIMEIRO
POR MAIS TEMPO QUE SE GASTE A COLAR.
ALÉM DISSO, NÃO SE PODE NEM AO MENOS CONVIVER COM OS CACOS...
ELES CORTAM....


CORTAM....
E A DOR QUE A GENTE SENTE É DO SANGUE DERRAMADO NOS SONHOS PERDIDOS...
DAS LUTAS QUE NÃO VENCEMOS.
É PRECISO, ENTÃO, JUNTAR OS CACOS.
E TER A CONSCIÊNCIA FIRME DE QUE DELES NADA SE APROVEITA.
NA TENTATIVA INSANA DE APROVEITAR OS CACOS, ELES CORTAM SUA PELE...



JUNTAR OS CACOS DE UMA HISTÓRIA E LANÇÁ-LOS FORA TRAZ INSEGURANÇA E DOR. MUITOS MEDOS SE MISTURAM NUM SÓ TEMOR:
O MEDO DE RECOMEÇAR.


MAS É PRECISO ENXUGAR AS LÁGRIMAS, E LIMPAR O CHÃO, PRA REMOVER QUALQUER VESTÍGIO DE CRISTAL QUEBRADO.
PARA ENTÃO PODER PISAR COM SEGURANÇA NOVAMENTE.
E COMEÇAR UMA NOVA CAMINHADA.


SU

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

"AINDA SOMOS OS MESMOS E VIVEMOS COMO NOSSOS PAIS"




As novas teorias sobre educação demoram muito para chegar efetivamente às salas de aula. Este problema vem a ser um dos responsáveis pelo atraso nos avanços educacionais no Brasil.

Enquanto os pensadores contemporâneos da educação como Emilia Ferreiro e Paulo Freire avançaram muito em suas teorias a respeito de temas como alfabetização e socialização da escrita, nas salas de aula o que prevalece ainda é o ultrapassado sistema tradicional de ensino, onde, na prática, o que se aplica são os velhos métodos de memorização e repetição e a antiga concepção de erro e acerto.

Há uma dificuldade evidente na formação dos professores que, apesar de lerem muito sobre construtivismo e pedagogia libertadora, pouco conseguem perceber como aplicar estes conceitos no dia-a-dia de sua prática.

De uma forma geral, há que se reconhecer os esforços dos órgãos públicos e cursos de formação em capacitar e qualificar os profissionais da área para esta nova (nem tão nova assim) realidade das teorias educacionais. No entanto, o próprio sistema inviabiliza os professores na aplicação concreta destes princípios que, presos a grades e currículos, a cobrança de resultados, acabam por voltar-se naturalmente para os antigos métodos tradicionais e tecnicistas.

Desta forma, vemos o cenário da educação recalcitrar entre o velho e o novo, o discurso e a prática, estampando às nossas vistas uma realidade que já foi conhecida pelo nosso país no século passado, agora não declarada: a pedagogia crítico-reprodutivista. Aquela que critica, que condena, mas continua fazendo.

Responsabilizar os professores individualmente pela resistência ao novo é o mesmo que culpar os pobres pela pobreza. Então matam-se todos os pobres, e acabou-se a pobreza. De igual maneira, o que causa esta dicotomia entre o avanço das teorias e sua aplicação é algo de abrangência muito mais ampla, o próprio sistema de ensino, incluindo-se as leis educacionais.

O sistema de ensino no qual hoje vivemos foi criado, como de praxe, aos moldes do modelo econômico da nossa sociedade. Ele existe, portanto, para viabilizar o capitalismo, ou seja, o sistema liberal de consumo. Desta forma, qualquer avanço no sentido de socializar a educação não é mais que um instrumento de luta dos educadores para transpor tal sistema. Então, por mais que os pensadores da educação tenham suas teorias reconhecidas e apoiadas oficialmente, o próprio sistema sempre será uma barreira para as mesmas, já que a educação, no modelo capitalista, sempre separa os ricos dos pobres, os que dominam o conhecimento dos que são dominados, pois nisto consiste o cerne do capitalismo.

O que conta, na conclusão de tudo, continua sendo o comprometimento pessoal do professor, que faz seu serviço de formiguinha, acreditando estar removendo montanhas. E no final está mesmo, pois está formando a opinião de uma nova geração de pessoas, e influenciando a relação entre elas. O sistema sempre impedirá, mesmo parecendo apoiar, a efetivação completa das teorias educacionais que libertam o povo. A escolha diária de cada professor é que faz a diferença. Todo o resto é demagogia.
SU