domingo, 26 de outubro de 2008

O CORDEIRO DO SACRIFÍCIO : VIVA O CAPITALISMO!



Assistimos com assombro a cada vez que a degradação violenta da vida humana nos invade as casas sem pedir licença, evidenciando nossa própria fragilidade.

Quanto mais se explora a violência explícita, mais tempo o povo fica grudado no comercial, esperando o próximo bloco do telejornal e salivando pelo cheiro de sangue.
E dá-lhe multinacional "nas fuças".

De vez em quando, alguém tem que morrer.

É como o cordeiro do sacrifício, pra manter o sistema na linha, pra viabilizar o capitalismo com sangue fresquinho. Ora, veja se não é. O menino arrastado pelo carro, Isabela Nardoni, Heloá, todos cumprindo seu destino de cordeiro imolado, todos com prazo de validade para serem esquecidos.

E enquanto nos sentimos estupefatos com a crueldade da vida urbana, tomamos um copo de coca-cola, e programamos as próximas compras no cartão.

No horário nobre, o que assistimos é a banalização da vida, o infanticídio, a atrocidade escancarada. É nesse contexto que as propagandas mais caras são inseridas, com o pressuposto de que a massa nacional esteja colada na tela, sem pestanejar. É exatamente ali, no meio dos tiros, do sangue e das lágrimas, que as opiniões vão sendo formadas e a necessidade de consumo vai se configurando em real no imaginário popular.

Não se fala de literatura, de exposições de arte nem de avanços no campo educacional, no principal bloco jornalístico do horário nobre. Amenidades que não rendem pontos de audiência são deixadas para o meio-dia, quando crianças apressadas engolem o almoço e saem disparadas para a escola, enquanto suas mães, atarefadas, nem os olhos passam pela televisão. São, enfim, matérias para ninguém ver. E o que se anuncia nesse período? O que houver de mais barato, propagandas locais.
As multinacionais deixam para mesclarem-se com aquilo que atiça a curiosidade humana, o quê de carniceiro que existe dentro de cada um e que não nos deixa desgrudar da tela: o prazer de explorar e esmiuçar o sofrimento alheio.

Um dia desses, um cidadão de bem ouve a vizinha sendo espancada pelo marido, e ao fundo o som de um bebê chorando. Desesperado, liga para o 190, esperando o amparo e socorro da lei. E o que escuta como resposta?
“Olha só, se o senhor estiver disposto a ir até a casa da pessoa e se identificar como quem denunciou a gente até vai. Mas não vai adiantar, porque essas mulheres nunca registram queixa mesmo...”

Seja na televisão, seja na polícia ou em que esfera for, o que está em jogo não é o valor da vida humana, mas o valor que uma vida humana pode render.

E quando paramos nossas vidas para acompanhar na mídia este tipo de exploração da violência, do sofrimento humano, pondo-nos a descobrir todos os detalhes, a ver repetidas vezes a mesma notícia, acabando por conhecer a história de trás para frente, estamos colocando o óleo que move a engrenagem da especulação capitalista ao padecimento alheio.

Não nos importamos com o sofrimento do vizinho, mas nos assombramos e indignamos com a amargura em rede nacional. Vamos assim nos anestesiando em relação aos que sofrem ao nosso lado, por considerarmos normal, corriqueiro, e portanto, nada fazemos. O que passa na televisão, sim, é que nos interessa.Com isto nos comovemos, nos tocamos, mas a fome, a dor, o abandono e desamparo que estão ao nosso lado, nem mesmo enxergamos.

Enquanto isso, empresários vendem de tudo e ficam cada vez mais ricos. Nós, sem perceber, nos tornamos cada vez menos humanos, e vamos nos transformando em máquinas de comprar. Amanhã, mais uma criança ao altar do sacrifício. É o preço que pagamos, e pagamos rindo, bebendo, especulando. Sim, desde que esta criança não seja a nossa.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

"AS CARTAS QUE NÃO MANDEI"


Esta é uma carta escrita por minha mãe no período em que residia em Campo Grande, MS, e encontrada pelo meu irmão mais velho logo após o seu falecimento, em junho de 2000, num acervo particular feito por ela, chamado "As Cartas que Não Mandei". Tesouros de família...não têm preço...




Querida Volta Redonda
“Cidade do Aço”, cidade bonita, cidade de todos, cidade minha. Eu amo você. Nas tuas ruas eu cresci (mas não muito), debaixo do teu céu eu fui feliz, entre tuas montanhas eu vivi protegida quase toda minha vida e sou muito grata por isso. Vivo na esperança de um dia poder voltar a ti, porque aí é o meu lugar. Sinto uma saudade danada de voce!
Quero que me perdoe por ter te deixado um dia e que saiba que nunca te esqueci.
Terra dos sonhos... gente chegando de todo lugar, inclusive meu pai que chegou em 1958. Cada um trazia consigo o coração cheio de esperança e você nunca decepcionou ninguém. Todos conseguiram prosperar – uns muito, outros pouco; mas todos melhoraram suas vidas. Povo forte como o aço que destila dos seus alto-fornos; povo quente, alegre e corajoso.
Alguns reclamam, murmuram, falam mal, mas permanecem aí. Ir para onde se aí é o melhor lugar do mundo? Os poucos que saem um dia com certeza voltam ou então se lamentam de saudades pelo resto da vida. Não é o meu caso, porque certamente voltarei. Voltarei porque te amo.

Cacilda
*Ela voltou. E seis meses de luta depois, faleceu, onde queria ficar para sempre. Ainda bem que Deus conhece até mesmo as cartas que não conseguimos mandar....

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

domingo, 5 de outubro de 2008

SU E ELIVELTON


A apresentação no UGB, no dia 3 de outubro, foi tudo de bom, gostamos muito!!